27 de novembro de 2010

Trecho de 'Sleepners'

Capitulum I - Nightmare of Century

"O sono é o doce consolador dos homens. Dá-lhes repouso e o esquecimento de seus pesares."
Torquato Tasso

Sonda espacial Voyager I, Nuvem de Oort, data terrestre 2020
O que ao longe parecia poeira cósmica toma forma inicialmente como grãos e gradualmente como grandes pedaços de rochas que surgem em contornos sinuosos e irregulares cortando uns sobre os outros em meio à escuridão como se competissem por um lugar em órbita da estrela central do sistema solar. Alguns esféricos o bastante para serem dados como planetas a justificar temores, classificações e desclassificações de planetas como Plutão a mero “entulho” das fronteiras do sistema solar. Alguns, de certo, pouco visíveis apresentavam a mesma atração típica que os compeliam a dança elíptica em torno do sol, mas algo pouco visível ao longe em nossa pequena bilha azul perdida em angústias, guerras e tristezas inúteis e solitárias na batalha eterna contra nós mesmos.
Mas em meio aqui, a milhões de quilômetros de distância de nossa nem sempre benevolente civilização um pedaço de nós cortava lentamente entre tais pedras entregue a sua própria sorte até que algum semiplaneta errante o atingisse ou mesmo um cometa do que se tornou aquele lugar como repositório, distante de toda mediocridade, mas não menos solitário. Com uma grande antena que mais lembrava uma vara de pescar e uma espécie de parabólica aquela sonda parecia clamar pedindo passagens aos revoltosos corpos celestes mal resolvidos em formação, Voyager em sua sorrateira e solitária viagem pela primeira vez ansiava por tocar o exterior sideral de nossa galáxia livre do magnetismo atrativo de nosso sol como presas invisíveis que impedia tal de prosseguir sem dificuldades. Mas mesmo antes os cientistas notavam que tal atração parecia exceder sob o controle da mesma tendo oscilações misteriosas em sua velocidade, o que naquele momento parecia se perceber. Num súbito parar a sonda refreou com se algo a coibisse de prosseguir dizendo “daqui não passarás”. Uma pequena luz piscou sob a face do prato-radar como quem clamando por socorro quando algo das sombras surgiu não menos sorrateiro a tomar contornos menos irregulares, mas inteligentes. Similar a um hexágono ambulante algumas luzes rapidamente o identificaram numa proporção cerca de 16 vezes maior que aquela humilde cabana remota do ser humano a um amontoado de lata velha sem sentido de existir, perante o frio colosso desconhecido que surgiu diante dele.
A Sonda sentiu-se então estranhamente atraída aquele corpo enquanto suas câmeras começaram a registrar tudo que se via e sentida aquele pequeno ser metálico perante o cruel e opressor colosso chegando há algo pouco mais que amontoado de rocha polidamente oval como esboço de planeta. Suas pequenas luzes se tornaram visíveis e logo gases se viram numa espécie de resíduos de atmosfera a se conter em sua superfície patética e irregular como um enorme bloco de gelo que não menos distante diante da inveja e mediocridade de homens profanos ao seu próprio falar e promessas, por meras questões pessoais de autograndeza.
A velocidade do pequeno corpo inteligente da humanidade cresceu e vertiginosamente correu mesmo que contrariado em direção ao astro das trevas a ser engolido até sumir sendo num pequeno clarão despedido para sempre da humanidade enquanto mandava fotos e sinais para a mesma como se pedisse socorro. Mas lá na superfície de gelo os destroços agonizantes da pobre Voyager revelava seu interior repleto de boas intenções, de uma placa de metal com desenhos de um homem e uma mulher com descrições sobre seu sistema e um belo disco de vinil dourado jazido no chão em meio aos destroços, quando em meio à pálida luz uma sombra surgiu caminhando impiedosa e cruel e parando sobre o disco a contemplou como se com desdém a pisoteando como quem se pisasse em seu conceber Carl Sagan.

Terra, alguns dias depois.
Um dia aparentemente tranqüilo para ao menos aos cientistas da NASA enquanto a humanidade se perdia em suas próprias tarefas de lutas infindáveis contra a miséria, guerras e moléstias, mas um alarme soou como um sinal recebido do exterior até então inédito ao homem, somente agora os suspiros finais da sonda Voyager chegaram a nosso não tão humilde lar.
Ao ver isto, entusiasmado um dos astrônomos recebe os sinais e com expectativa enquanto eram descarregados na tela contempla que diversas imagens e leituras como de gases haviam sido feitas. Ao ser concluído, sem pestanejar o astrônomo as abriu uma a uma constando que por fim a Voyager havia tocado os limites de nosso sistema como esperado. Seus criadores a muito mortos haviam feito com muita qualidade seu trabalho, não numa questão de se julgarem melhor que quaisquer outros, mas representantes de nós, de modo sobre as cobiças cotidianas.
Mas logo numa das imagens contornos estranhamente simétricos crescia na tela mediante a pouca luz do local retirado quando o movimento parecia se diferenciar dos demais astros mediante tais leituras enviadas.
Cerrando a visão sobre a tela, logo o astrônomo se viu numa visão atípica e aparentemente inteligente nos confins do sistema solar. Chamou então entusiasmado seus colegas que quase correndo vieram e perplexos sobre as imagens, leituras e súbita mudança da sonda de velocidade e direção perceberam o óbvio, algo inominável e poderoso a tragou para si, para um corpo celeste não catalogado por eles. O que seria?
Rapidamente a sonda fez outras leituras sobre tal corpo que em sua proximidade notaram algo em sua superfície além de um esboço de atmosfera, gás dióxido de carbono o que indicam a presença de vida animal. Neste momento então as conversas dos especialistas se tornaram gritos e sucederam a diversas ligações aos superiores e outras agências do mundo. Finalmente as perguntas de alguns e preces para outros foram respondidas antes dos últimos passos daquela histórica sonda, porém de modo que jamais esqueceríamos e nos arrependeríamos de ter tais perguntas respondidas pelo restante de nossa existência agora humilde naquele mundo, um pesadelo estaria apenas começando...

O vírus por não ser capaz de se reproduzir fora de uma célula alguns dizem não ser vivo, mas algo assim se perpetuou no frio abiótico do espaço onde o silêncio abafa os gritos daqueles que pareciam ter nascido para morrer numa existência vazia de sentido como a pobre sonda Voyager. Tais seres foram pacientes de esperar como vírus apenas ao momento certo de atacar por um sinal de Quorum Sensing, e o sinal foi encontrado naquele dia, quando toda a mentira no mundo caíram perante os fatos de tal descoberta.
Foi o prelúdio de uma guerra cruel como homem jamais viu e do qual alguns questionam sua vitória, que parece ter induzido a humanidade a uma morte lenta e dolorosa de um hecatombe nuclear vítimas de nós mesmo em nossa tentativa desesperada de resistir. Mas eles a muito estavam entre nós, como dizia H.G. Wells, tramando silenciosamente numa secular conspiração onde grupos e mesmo governos pareciam apoiá-los em troca de sobrevivência.
Porém, foram os primeiros a serem mortos quando transpassaram seus portais surgindo como inúmeros OVNIs sob nossa atmosfera que por anos nos raptaram e nos estudaram como se fossemos nós os vírus, e ao ver que sua tecnologia de controle mental não bastou os fazendo puxarem as cordas e fechar as cortinas da pantomima que permeou por séculos nossa humanidade. O último recurso foram as famigeradas bombas nucleares condenando por longas décadas os sobreviventes aos subterrâneos e mergulhando o mundo num longo e cruel inverno nuclear. O mundo como conhecido foi destruído e jamais voltará a ser o mesmo, mas cinzento com imensas florestas de galhos secos onde carcaças esparsas de colossos de metal sucumbem como monumento a nossa infeliz vitória.
Mal como consolo tivemos a oportunidade de estudarmos a tecnologia deles escondida traiçoeiramente de qualquer patente do qual quem chegasse perto era surrupiada de modo não menos traiçoeiro, e agora em nossas mãos tornou-se uma fuga para dentro de nossas próprias mentes.
O Ser humano passa cerca de 1/3 de sua vida dormindo, mas pouco a pouco com o advento da vida moderna a fonte inesgotável e interminável de informação à correria da humanidade a lugar algum, o sono foi pouco a pouco sendo minimizado. Na primeira metade do século XXI mediante guerras e mais guerras foram criadas pílulas capazes de subtrair o sono quase que por completo de nossa existência especialmente para soldados no front de batalha. No front final do combate alienígena já éramos como quase mortos-vivos armados até os dentes onde acordados parecíamos estarmos num sonho por falta de sono.
Logo se descobriu um revés inevitável, pouco a pouco os seres humanos se distanciavam de sua essência se tornando ecos vazios a vagar como se a própria realidade se tornasse um pesadelo aos seus próprios olhos, como verdadeiros robores desprovidos de emoções e criatividade. Curiosamente a resposta estava nos sonhos do qual alguns temiam nos tornar vulneráveis aos ataques silenciosos dos aliens, e curiosamente em contraponto a realidade cruel que se tornara, e acabou se tornando um refúgio aparentemente seguro. As suas lembranças, medos e desejos, porém muito mais, mudando completamente nossa noção do que seria o sono como um mero repositório de re-organização de memórias.
Grandes investigadores dos sonhos como Gustav Jung do século XX descrevia como o elo de ligação a nossa ancestralidade extraperceptiva onde mentes podiam até mesmo se interligar interativamente. Pouco a pouco as pequenas "fatias de morte" se tornaram como a resposta para a própria existência humana num período em que tudo parecia perder sentido assim como nossa própria função neste mundo, contendo respostas extra-sensoriais não somente sobre nosso futuro, mas nosso passado agora mais do que nunca desejado, e revelando um mundo onírico até então desconhecido graças aqueles que aparentemente nos conhecia melhor que nós mesmos. Repleto de seres que pareciam compartilhar o mesmo mundo criado por nossas mentes adormecidas num portal onírico, que antes os alienígenas induziam nosso inconsciente por ondas invisíveis por nossa pobre tecnologia.
O século XXII que se tornou um lugar frio e cinzento constantemente bombardeado por chuvas ácidas e contaminado por um longo e intenso inverno nuclear, a vida da fauna e flora definhava pelas sombras cinzentas de nuvens eternamente carregadas de toda melancolia aos sobreviventes humanos, entre mutações, aberrações e moribundos. Em meio a isso é fundada a REM Inc sob a carcaça tecnológica das naves alienígenas como monumento do que nunca fomos, sob a proposta de nos levar novamente ao auge da humanidade, a nossa era de ouro perdida pelas nuvens de fumaça da violência e da guerra. Junto a esta empresa surgiram os Onirikers, imaginologos oníricos que navegavam e desbravavam o horizonte adormecido e aparentemente coletivo do ser humano. Estes viajantes adormecidos dividiam a função de criadores de sonhos para uma população carente chamada de Sleepners ao passo que participam de um sigiloso e misterioso projeto chamado Oneirochronos.
Rapidamente os estudos sobre a mente humana cresceram de modo espantoso onde a tecnologia alcançou uma quase singularidade e onde se criaram legislações específicas para métodos de comunicação de telepatia utilizando-se tecnologia e até sonhos coletivos gerenciados pela REM Inc, onde o cérebro humano compartilhado se tornou o hardware e os sonhos ao lado de nossa mente o software. A apatia e nostalgia neste mundo altamente criminal foi rapidamente sanado pela criação da CFM (Centro Forence de Memética) onde se utilizando da investigação das próprias memórias e catálogos de tipos de pensamentos utilizava-se tais como provas em julgamentos, a mente humana não era mais um lugar seguro para se esconder criminosos e serial killers podendo ter até mesmo suas vítimas mortas a depor...
Finalmente fomos do pesadelo do lúcido ao sonho do lúdico.

Mais um dia no século XXII dentre semana após semana, mês, após mês de céu cinza e da constante nevoa para todas as direções com se um mar prata-leitoso de nuvens tivesse se formado nos céus sem nunca deixar um só raio solar transpassar por quaisquer frestas. Para se ver o céu limpo, as estrelas ou o sol, somente pagando uma passagem pelas duas únicas companhias de avião que restaram no mundo. Na verdade, porém, o clima que se tornou tão hostil poucas vezes ofereciam condições meteorológicas estáveis suficiente para permitir uma decolagem ou pousos seguros, mas alguns se arriscavam, afinal tinham de re-estabelecer contato com os demais sobreviventes, numa civilização que tentava se re-erguer das cinzas, como uma fênix agonizante. Sabiamente os sobreviventes escolheram os melhores dentre os deles para se pesquisar nos destroços das imensas espaçonaves alienígenas a decifrando e criando um departamento internacional exclusivo ao assunto, o CIPAT, o Centro de Investigação e Pesquisas Alienígenas e Tecnologia com o intuito de se utilizar de algo que permitisse subsistir naquele mundo agora desfigurado. Foi deste departamento que surgiu a REM Inc e mesmo a CFM sob a determinação inicial de uma divisão específica na tecnologia de controle mental produzida pelos alienígenas após longos anos de estudos de nossa fisiologia cerebral e costumes. Era algo soberbamente poderoso e complexo, onde se tornou vital para aquela raça reptiloide nos controlar tanto quanto compreender algo que eles não eram capazes em sua psique, uma centelha desconhecida que buscavam desde quanto foram destituídos de seu mundo natal onde quer que ficasse.
Sob tal aspecto a intenção era nos usar como meio a sua própria psique atingir um parâmetro ainda não conhecido pelos pesquisadores da CIPAT, mas a tecnologia se tornou imediatamente útil para se procurar traidores da humanidade assim como criminosos tal como oferecer um meio de recreação jamais concebido, não necessitando dos velhos computadores agora resumidos a interfaces de transporte, pois mesmo alguns, seus cérebros passaram a ser utilizado como o hardware de um poderoso programa integrado.
O prédio da Oniriker que rapidamente cresceu desde a saída do homem dos subterrâneos se destacava dos demais e como se tentando transparecer refletir um céu que não era azul seus vidros desta cor frequentemente iluminados por luzes internas que dava um brilho de beleza a destoar das demais construções ainda sobre as ruínas da cidade de Quebec, no Canadá.
Desde que os Estados Unidos se tornou ruínas com grupos esparsos de patriotas a própria sede da CIPAT se transferiu para Quebec tendo outra filial importante no Brasil onde os destroços do imenso Hexágono Celestial, como chamavam os estudiosos, repousavam em meio o que restou da floresta Amazônica. Não havia mais espaço para jogos patéticos de cobiça, mesmo que alguns ainda isto temessem, mas sem dúvidas o principal era sobreviver, e se possível conseguir fazer com que tais naves tornassem a voar, pois não existia nem sinal de Cabo Canaveral ou da NASA.
Washigton, por sua vez, se tornou um monte esparso de concreto retorcido num ataque de apenas um único dia das forças alienígenas sobre este lugar, logo o maior exército do mundo se viu como uma quimera sem cabeça a rodear até cair em pequenos grupos de resistência.
Mas para a Oniriker era diferente hoje, nela a humanidade depositou como fuga ou fé, o pouco que restou de si para sobreviver naquele mundo pela primeira vez aprendendo a olhar para si próprios do modo como deveriam ter feito antes.
Canais de sonhos, como de televisão, mas onde as pessoas se conectam num estado de dormência exterior se tornaram disponíveis utilizando freqüências comuns por conversores de sinais que transformava-os para ondas cerebrais. O que pouco sabiam, entretanto, era tal condição para este meio em vista os recursos esparsos de energia, o cérebro de traidores da humanidade presos a trabalhar no funcionamento do poderoso software psiquicamente interligado.
Mais eventualmente algum "despertava" criando enormes oscilações e instabilidade ao funcionamento criando um incidente que logo foi lembrado por aqueles que protestavam contra tal tecnologia, uma falha levou dezenas de usuários no momento conectados a morte cerebral. Para isto medidas de segurança foram tomadas para precaver tais incidentes, mas arranhou profundamente a imagem da REM Inc, a forçando lançar novas técnicas e tecnologias para atrair novamente seu público que vendo-se naquele mundo que de pouco formidável tinha, aceitaram. Tudo aparentemente transcorria sem problemas até aquele dia de 23 de outubro de 2111 quando um crime ocorreu nos corredores da REM Inc que com custo tentou construir uma imagem de empresa mais segura de todos os tempos. Foi por volta das 8:09 da manhã que num procedimento de rotina um dos funcionários se dirigia à sala para averiguar o funcionamento do sistema Oniriker central. Com o incidente de anos atrás se desenvolveu uma técnica que utilizava da criação em laboratório de neurônios humanos a funcionarem como substitutos eficazes dos velhos chips, o DNA, afinal era capaz de armazenar muito mais informação que qualquer outro componente de modo que utilizando-se de criptografia quântica tal se tornava tão seguro a invasões que qualquer incidente se tornava inviável dentro das instalações ao menos.
Não obstante, os homicídios, estupros e outros atos caíram vertiginosamente com o monitoramento mental nas vias públicas pela CFM onde não havia pensamento que fosse checado de seu intento real. Mas dentro da empresa os funcionários praticamente tinham controlados sua respiração.
Ao entrar numa das salas, o gerente de supervisão de manutenção dos sistemas encontrou diante de seus olhos um dos seus caído morto com uma caneta fincada no olho esquerdo, com num ataque brutal de alguém obviamente de dentro.
Aquilo o deixou perplexo, pois tal gerente como as maiorias das pessoas não conheciam há alguns anos o que era ver um morto por crime violento, cresceram nos subterrâneos sob condições extremamente controladas para subsistir ao longo periodo do inverno nuclear que durava mais de 15 anos.
Logo, aquele corpo caído de uma jovem mulher, da cadeira acolchoada de rodinhas com seus braços estendidos enquanto seu outro olho arregalado parecia clamar por socorro fez com que uma única reação que tivesse, fosse a de sair correndo clamando pela segurança.

Setor de criminologia Internacional
Vozes baixas se ouviam entre passos ligeiros que cortavam um corredor onde os vultos das pessoas se viam por entre um vidro "esfumaçado" de uma das filiais equivalentes a polícia de perecia ligada a CIPAT. Naquela sala havia um homem que de costas com a cabeça baixa parecia refletir diante de uma foto de uma mulher enquanto na tela de seu computador piscava uma mensagem escrita 'STAND BY'. Alguém bateu na porta. Mas quase sem se mover sua boca apenas se moveu num esboço de ruído falando: 'entre'.
Logo que abriu revelou-se no vidro o nome daquele homem Hedi Ofir Armim Xanthus, um investigador psíquico responsável pela Analise Criminológica de Criptografia Mental, que traduzindo se especificava na decifração das memórias finais de uma vítima ou suspeito de crime, um método muito mais eficaz que qualquer interrogatório poderia conseguir. Costumava-se dizer criptografia, pois os sinais do cérebro sempre eram interpretados de modo confuso sendo necessário um método complexo para se estabelecer conexões com datas por vezes em meio do consciente induzindo o paciente (suspeito) a pensar determinados elementos ou memórias que por associação o software investigava. Porém, em caso de mortos tal tornava mais difícil uma analise geral da memória que deveria ser efetuada num prazo de poucas horas após a morte deste, para então um sujeito separar cada memória que fosse a fim de procurar a desejada, num trabalho artesanal.
Talvez por isso Ofir estivesse cansado, pois dali conhecia o íntimo das pessoas mais vis em seus pensamentos mais insanos e sangrentos suprimido por mascaras cotidianas, pois frequentemente casos de assassinos potenciais eram para ele enviado.
Mas Ofir rapidamente tratou de levantar seu rosto ao notar as patentes daquele homem que adentrara a sala ao lado de um senhor vestindo um terno.

- Desculpe-nos atrapalhar seu trabalho, mas creio termos algo primordial a ser investigado.
- Nos diga, mas antes sente-se - respondeu Ofir deitando a foto da jovem mulher que via, sobre a mesa.
- Receio que tenhamos um outro escândalo a estourar, e por isso pedidos de discrição no caso que iremos lhe dar.
- Descrição em excesso hoje em dia pode provocar o efeito oposto, pois nas ruas nem mesmo privacidade mental temos. - respondeu Ofir
- Mas dentro do possível, não queremos mais revoltas e protestos, pois nos já sofremos por demais nas mãos daqueles insetos.
- Do que se trata.
- Foi um homicídio - cortou o senhor de terno por trás do superior da divisão - me perdoe não me apresentar sou Boris Faon vice-presidente da Rem Inc e consultor sênior da CIPAT, temos um incidente ocorrido dentro de nossa empresa que aparentemente quebrou todos os protocolos de segurança, se tal caso vazar não sabemos o que pode ocorrer.

O superior de Ofir pegou uma pasta com fotos da vítima uma jovem funcionária chamada Joan Fay, onde nos relatórios traziam dados detalhados sobre toda movimentação ocorrida na empresa no periodo em que ocorreu o crime. Uma perícia sigilosa já havia sido feita, mas pelo fato do superior de Ofir não ser um expert no assunto contactou-o.

- Tudo que sabemos sobre a vítima é que reclamava nos últimos dias de dores de cabeça e pesadelos terríveis. Mas aparentemente nenhum registro mental de intenção foi registrado por outros funcionários.
- Na sala onde o crime ocorreu não havia câmeras?
- Centro de controle de Software mental - corrigiu Boris um homem com leve sotaque russo.
- Não. Talvez você deva vir no local do crime junto a nós.

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