9 de novembro de 2009

Conspiradores Nunca Diuzem adeus - Parte II

Fantasmas do Passado
Este misterioso homem, ninguém sabia quem era, ou onde morava. Era um senhor do qual se dizia ser responsável por todos os ditos populares daquela cidade, o narrador por de trás de cada mito ou lenda, a fonte legítima de todo o saber daquele lugar. Era um anônimo famoso, era alguém, era ninguém...
No dia seguinte, aproveitando que era sua folga depois de seis anos de trabalhos sem férias, ele resolve seguir as pistas dadas por Octavius, chegando até um barraco no pé do morro onde morava um senhor idoso, que ao perguntarem as crianças que cercavam um menino negro de uma perna só veio até a mim e disse que a casa dele era ali mesmo. Após com certa dificuldade conseguir passar por elas, bateu na porta e escutou uma voz abafada dizendo para entrar. O som da Tv entrecortava o ranger da porta e logo viu um homem curvado sentado de costas para a entrada. Estava escuro e assim não era possível ver seu rosto, apenas a textura do ambiente mudava graças a variação das luzes da tela da Tv.
No entanto, curiosamente João parecia saber o porque dele estar ali. E disse sem demora se queria saber onde estava seu amigo. Impressionado, Dominic, estranhou de tal modo que por uns instantes chegou a pensar que este estaria envolvido de alguma forma, e quis se aproximar dele para ver seu rosto, mas antes que pudesse este se levantou e foi até a cozinha.Daquele lugar escuro, ele pegou algo e receoso Dominic deu dois passos atrás, quando ao se aproximar a luz da Tv iluminou parte de seu corpo revelando ser na realidade uma xícara de chá para ele, que educamente lhe ofereceu estendendo a mão para ele se sentar.
Dominic num misto de respeito e medo falou que a muito ouvia falar dele, mas não poderia se demorar, quando João pegou um papel e anotando algo com um lápis velho e muito pequeno disse que deveria evitar os "controladores de massa", eles eram o próprio inferno. Foi então que ao levantar o papel revelou uma série de inúmeros nomes de tantos e tantos outros desaparecidos naquela cidade, incluindo muitos parentes deles.
Descontente com a resposta, Dominic disse que seu amigo por não ser o único a desaparecer, havia desaparecido em circunstâncias similares aos demais, do qual havia dito para Dominic um dia antes que havia visto algo que o assustara muito, e nervoso parecia literalmente ter corrido para sua casa.
João então receoso disse para ele que a fonte de todas as suas dúvidas e perguntas estavam na chamada Pizzaria do Anoitecer, um imenso restaurante mantido pelos Mirta, e frequantado pelas celebridades da cidade. Desapontado, Dominic saiu.
Após ficar o resto do dia refletindo no banco de uma praça, resolveu ir até a tal Pizzaria durante a noite. No caminho encontrou uma antiga amiga dele, uma ex-miss que se prostituía por cinco irreais, a moeda local. Ao revelar que estava indo até o local, ela disse que não seria tratado com respeito, afinal ela mesma era obrigada a viver naquela vida por mais bela que fosse. E ao lembrar de seu amigo, um chef de cozinha daquele restaurante que trabalhava como camelô, após ser substituído pela tia-avó dos Mirta que cozinhava para um botequim no estado onde morava, ela falou que naquele lugar não iria ter oportunidade alguma, mas antes iria ser tratado como um bicho.
Mas Dominic, como ingênuo persistente, seguiu em frente. Ao chegar sentiu uma clara discriminação, as pessoas olhavam para ele com tamanho desdém que fazia ele se sentir desconfortável naquele lugar. Não estava desarrumado mas, era como se todos discretamente o observassem adentrando o recinto por pouco não sendo abordado por um segurança que por falta de motivos não poderia coloca-lo para fora. Mas ficara rodeando próximo quando o vira se aproximar de um garçom.
O Desconforto era tanto, que o fazia se sentir quase como um marginal naquele lugar, mesmo que sendo em puro luxo, e repleto de gente importante, ele sentia penetrar por seus olhos tamanha negatividade que o fazia sentir-se enfraquecido até a exaustão, como se algo subtraísse suas forças. Após falar com o garçom ficou a aguardar o gerente.
Ao olhar para a mesa do lado observou que lá estava Odemira, extremamente gorda e com os cabelos desgrenhados, ela não tirava os olhos dele como se o secasse, assim como Saião Mirta, um dos seres mais esquisitos que já vira, calvo, baixinho e com um imenso nariz, ele no entanto estava cercado por duas mulheres espetacularmente belas. Até hoje, Dominic não era capaz de compreender como um homem que cantava tão mal conseguiu ganhar discos de platina e de ouro, enquanto todos diziam que os escritos de Dominic eram medíocres. No entanto, o pensamento de Dominic lhe escapava, sentia-se como se tudo a sua volta começasse a girar até sua vista escurecer que ao virar-se para o lado simplesmente desabou sobre uma mesa derrubando diversos pratos e fazendo a maior barulheira. Desta vez fora ele quem apagou...

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