2 de novembro de 2008

Como funciona uma produtora de filmes – com zelito viana (parte 2)

Continuando o que falei no Post anterior, segue aqui a segunda parte de minha reportagem, "my second Post" rs, vamos lá!!

2ª PARTE
Ele se referiu também a Agência Nacional do Cinema (Ancine), que, em sua opinião, é uma "aberração" por tentar regular atividades do tipo de concessões públicas. Atualmente tem que haver um funcionário especializado só para resolver questões relacionadas com o órgão, pois se perde muito tempo para atender as suas exigências. Sua fiscalização é violenta para com o produtor, que é justamente o lado mais fraco da história, chegando a ser incompatível com a própria atividade, pela não obtenção de documentos de tudo que se faz em filmes. – Teve uma vez que eu tive que comprar uma nota fiscal, mentir, o que não cabe, para provar para a Ancine que eu gastei vinte mil reais numa negociação, pois é uma burocracia violenta, pra preencher as exigências deles. Confesso que tenho minhas dúvidas se isso irá melhorar daqui a alguns anos, pois são coisas que têm vida própria, em que são criados mecanismos que independem as suas atividades. Este quadro tem de ser mudado no futuro e será, seja com incentivo ou não – diz, Zelito indignado. Devido a esse quadro, o produtor sugere que o governo crie compensações de mercado. Por exemplo, se uma emissora de televisão se propor a pagar Mil reais, o governo intervém reajustando para 100 reais. Com isso, pode-se dimensionar o filme a se fazer de acordo com este mercado, obtendo assim o resgate do que foi orçado.

Zelito lembra que lá fora o tele-filme fez e ainda faz muito sucesso, mas para trazer os recursos inerentes a este produto é muito difícil, pois há nichos, afirmando que o produtor tem que possuir uma grife, para montar um pacote de elenco, diretor, roteiro entre outros. Por exemplo: Trabalhando com quatrocentos roteiros, só 40 são escolhidos, para 10 serem feitos e apenas um lhes dar retorno. No Brasil não há o tele-filme, mas sim a tele-novela que é um produto muito forte. – Outro drama do nosso cinema, é quando você produz um filme, pois ele será o primeiro e o último (risos), porque há tanto tempo que você não filma, que você não sabe mais como é que se filma, e é o último, pois não se sabe quando faremos outro, por isso que você quando assiste a o "Desafinados" por exemplo, você vê de tudo, política, saúde, música, enfim muita coisa, pois quem o produziu não saberá quando irá produzir outro Desafinados. Diante dessas adversidades, o que mais nos motiva é a nossa paixão pelo cinema. É como uma roleta, pode dar certo como não pode dar certo, mas já cheguei a comprar uma casa com cinema – desabafa Zelito.

Ele aponta que trabalhar em território estrangeiro, especialmente nos EUA é melhor, pois o produtor é tratado como profissional, já no Brasil como um marginal, afirmando que os custos são os mesmos. Um bom investimento seria na produção de animação, pois eventos como o "Anima-Mundi" dão muita projeção. Ele afirma também, que daqui a alguns anos a migração do formato de 35mm mudará para HD, que já está em processo, mas de forma lenta por ser muito caro. Finalizou a palestra comentando sobre a evolução na qualidade de som, em que surgiu a figura do SoundDesigner, que "desenha" o som, fato que influenciou na criação da categoria de "Melhor Som" no Oscar.

Saiba mais sobre quem é Zelito Viana no Filmescopio ou na Wikipédia:
http://filmescopio.50webs.com/cineastas/zviana.htm e

http://pt.wikipedia.org/wiki/Zelito_Viana

Por Jorge Nunes.

Um comentário:

Mikael Roiha disse...

Grato Jorge seu texto foi bem esclarecedor, para quem não tem a miníma idéia de como funciona uma produtora mais adoraria trabalhar em uma.